Os Melhores do Ano 2015

Continuando a minha extremamente atrasada caminhada pelo balanço do ano de 2015 queria deixar por aqui um curto apontamento acerca da Gala dos Melhores do Ano da Revista de Vinhos que se realizou no inicio deste ano. Sendo a tradição recente deste evento a alternância entre Lisboa e o Porto, este ano essa tradição foi quebrada com a realização deste evento no Centro de Alto Rendimento de Sangalhos em plena Bairrada. A Bairrada é uma das regiões nacionais que tem vindo a procurar afirmar-se como região a nível nacional e internacional e a realização deste evento por terras bairradinas foi mais uma acção a concorrer para a promoção da região que quer recuperar um prestigio que teve em meados do século passado ainda antes de ser uma região demarcada e que se desgastou um pouco no final deste século.

Tirando alguns problemas de circulação que serão intrínsecos ao espaço e à circunstancia de ser mais de 1000 as pessoas presentes no evento, toda a organização do evento foi impecável com destaque para a refeição onde não se notava que se tratava de um serviço de catering para 1000 pessoas. Não vou listar aqui todos os prémios pois não pretendo fazer aqui uma resenha jornalística, mal estaria eu se o pretendesse fazer quase 6 meses depois do evento. Se quiserem recordar a lista completa de premiados podem fazê-lo aqui e aqui.

Mas quero destacar aqui alguns dos prémios especiais que me pareceram mais relevantes como o Prémio de Gastronomia David Lopes Ramos que foi ganho por Ljubomir Stanisic. Já falei aqui nos últimos tempos do trabalho do chef Ljubomir Stanisic e embora pudessem existir outros nomes também merecedores deste prémio não tenho dúvidas da justiça deste prémio. Como já escrevi por aí, poucos chefs estrangeiros interpretam tão bem a alma portuguesa e nenhum os faz como se fosse uma estrela rock.

Uma das coisas que se comentava no inicio da cerimónia era o facto de ser supostamente a primeira vez o Dirk Niepoort marcava presença em nome próprio nesta cerimónia o que gerava alguma surpresa em muita gente. Como estreante nestas andanças não sei ao certo do rigor destes comentários mas a atribuição do Prémio Identidade e Carácter à Niepoort Vinhos parecia justificar esta presença para uma das empresas portuguesas da área do vinho onde é impossível negar a sua identidade e carácter e que tem sido uma das empresas portuguesas com um maior papel na projecção do Douro como região ao nível mundial.

Já o Prémio Senhor do Vinho ficou em casa nas mãos do rebelde Luís Pato. Quase se fica com a sensação que não foi inocente a escolha do local para esta entrega de prémios. Numa região com muitas figuras carismáticas, o Luís Pato é sem dúvida uma das figuras com maior notoriedade e não sendo consensual, gerando amores e ódios é sem dúvida uma das imagens de marca da Bairrada. Sempre manteve a Bairrada num nível alto e a Bairrada do Luís Pato nunca sofreu o desgaste de que falo no inicio deste texto e muito do que a Bairrada é actualmente, goste-se ou não, deve-o ao Luís Pato.

Não posso terminar sem chamar à atenção do ponto mais negativo da noite... Naquele que deve ter sido o ponto alto da passagem de José Peseiro pelo comando do Futebol Clube do Porto, o Benfica foi derrotado em casa por 2-1 depois de ter começado o jogo a ganhar. Mesmo tendo-se revelado inconsequente no final das contas, podia muito bem ter estragado esta noite.