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Entre a Rolha e a Cortiça* – Parte I: A Cortiça

A cortiça sempre foi bastante valorizada pelas suas características de impermeabilização, flutuação e flexibilidade. Desde a antiguidade que era usada para a vedação de recipientes e a prova mais antiga do seu uso para a vedação do vinho foi encontrado numa ampola, descoberta no Éfeso, que ainda continha vinho e que foi datada como sendo do século 1 a.C. Mas inicialmente quando o vinho começou a ser engarrafado os viticultores franceses usavam trapos ensopados em gordura para vedar as garrafas. A referência mais antiga ao uso de rolhas de cortiça na sua forma moderna remota a 1680 quando o monge beneditino francês Dom Pierre Pérignon começou a usar cortiça para vedar as garrafas do seu Champagne.

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Atualmente podem encontrar-se no mercado diversos tipos de rolha de cortiça desde as rolhas naturais de uma única peça até à rolhas aglomeradas passando pelas rolhas colmatadas e pelas rolhas multipeça.


As rolhas naturais são feitas com uma única peça de cortiça maciça e a qualidade da rolha depende diretamente da qualidade da cortiça utilizada na sua produção. Podem ser-lhe aplicados acabamentos de parafina (para melhorar a impermeabilização) e de silicone (para melhorar a lubrificação).


As rolhas colmatadas são rolhas naturais às quais é aplicado um tratamento em que é usado pó de cortiça fixado com uma cola à base de resina e borracha natural para preencher os poros e imperfeições da superfície da rolha. Têm um aspeto mais homogéneo mas também menos natural.


As rolhas aglomeradas são fabricadas com grânulos de cortiça normalmente provenientes de restos da produção de rolhas naturais que são ligadas usando uma substancia aglutinadora. São o tipo de rolha de cortiça mais barato. Podem ser sujeitas ao mesmo tipo de tratamentos que as rolhas naturais.


As rolhas multipeça podem ser de dois tipos principais dependendo do objetivo. Quando são necessárias rolhas de dimensões maiores do que a peça de cortiça permite são coladas duas ou mais secções até atingir o tamanho desejado. Quando é necessário obter um compromisso entre qualidade e preço podem ser usadas as chamadas rolhas técnicas em que são colados um ou dois discos de cortiça de maior qualidade num ou em ambos topos da rolha. O corpo da rolha é normalmente de aglomerado mas também pode ser de cortiça maciça de qualidade inferior à dos topos.


Finalmente existem depois tipos de rolha específicos que são casos particulares dos anteriores. As rolhas de espumante são rolhas técnicas em que somente no topo inferior é usado um ou dois discos de cortiça maciça.


As rolhas capsuladas são normalmente rolhas naturais de calibre e comprimento reduzido com uma capsula no topo superior. São usadas para vinhos que estão prontos a consumir na altura do engarrafamento e que não correm o risco de oxidar como é o caso dos Portos Twanies ou dos Moscatéis. A capsula permite abrir e voltar a rolhar a garrafa sem necessidade de saca-rolhas.


A cortiça presta-se bastante ao uso como vedante no vinho pois é impermeável e a sua forma molda-se ao interior do gargalo da garrafa proporcionando uma boa vedação mesmo que a superfície interior do gargalo seja irregular. Por outro lado a sua estrutura celular permite trocas gasosas com o exterior que permitem uma oxidação muito lenta o que fará com que o vinho possa evoluir ao longo dos anos de uma forma muito natural. Existem ainda duas razões para preferir a cortiça mas que já não tem muito a ver com a sua função: o aspeto da rolha natural e o ritual da extração da rolha são-nos mais naturais e parecem-nos superiores esteticamente relativamente a outros vedantes, e por outro lado a produção de cortiça é sustentável e promove a manutenção dos montados e dos ecossistemas associados a estes.


Mas não há bela sem senão…

Ler a Segunda Parte


* Por lapso meu, o título original deste artigo era igual ao título do livro "To Cork or Not to Cork" de George M. Taber que também versa sobre a utilização da cortiça e de outros vedantes para o vinho. O uso desta expressão não foi intencional e apesar de já me ter cruzado com outros livros de George M. Taber não conhecia este livro tendo sido uma coincidência ter usado o mesmo título para os meus artigos. Para que não fiquem dúvidas das minhas intenções alterei o título do meus artigos de maneira a evitar que exista alguma confusão entre os meus modestos artigos e o trabalho de George M. Taber.

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