Facebook Reserva Recomendada Twitter Reserva Recomendada RSS Feed Reserva Recomendada Google+ Reserva Recomendada LinkedIn Rui Barradas Pereira Instagram Rui Barradas Pereira Contactar Reserva Recomendada

Da Cozinha dos Lobos

Como tanta coisa na minha vida que se passou pelo Papagaio foi lá uma da minhas primeiras vezes que ouvi falar do Solar dos Lobos há uns anos atrás. O Zé tinha lá um caixa de Solar dos Lobos e como eu até me tinha apercebido recentemente da marca nas grandes superfícies fiquei com curiosidade. Mas se o vinho estava no Papagaio até não era para ali o vender. Há uns tempos atrás, o Zé, tinha conhecido a marca numa Ovibeja e tinha gostado tanto do vinho que tentava ter sempre umas garrafas para consumo próprio. Nessa altura a marca Solar dos Lobos começou a aparecer nas grandes superfícies e marcou a diferença em 2010 ao lançar sob a marca Le Loup Noir um bag-in-box de 2l numa embalagem mais apelativa do que habitual neste formato e com um vinho com um nível qualitativo acima do que é habitual para esta embalagem.

Da Cozinha dos Lobos - reservarecomendada.blogspot.pt

Há cerca de um mês atrás fui convidado para voltar à cozinha do Joe para o jantar de apresentação do Solar dos Lobos Syrah 2011. Para iniciar as hostilidades tivemos como uma espécie de aperitivo o Le Loup Noir Selection Summer Edition by Chef Joe Best 2012. Já lançado à quase um ano tratou-se de uma edição especial em branco do bag-in-box de 2l para se juntar ao versão tinta que têm tido uma receção bem interessante por parte dos consumidores. O Joe Best colaborou na elaboração do lote e apadrinhou esta edição especial que penso será repetida este ano. Um vinho fresco e leve a combinar com o Verão que pode ser uma opção interessante para vinho para o dia a dia.


Mas era o Solar dos Lobos Syrah 2011 nos trazia ali. Esta é a segunda edição dos monocastas do Solar dos Lobos tendo a primeira edição sido o Solar dos Lobos Touriga Nacional 2010. A ideia é todos os anos lançar em monocasta a casta que melhor se portar. Outro pormenor a que têm sido dada atenção é a utilização de um rótulo alusivo aos amantes e aos namorados fazendo o seu lançamento uns dias antes do dia dos namorados. No ano passado transformou-se num sucesso de vendas no dia dos namorados e este ano o mesmo deverá ter acontecido. Eu sei... Deveria ter escrito isto antes para poderem bebe-lo com a vossa cara metade por essa ocasião mas fica a sugestão para os aniversários de nascimento, namoro e casamento ou simplesmente porque por vos apetece. O rótulo este ano brinca com o facto de o Syrah ser uma casta francesa. O vinho é granada ainda com laivos violeta a mostrar a sua juventude estando ainda um pouco fechado de aromas mas já revelando fruta e balsâmico. A acidez é boa e taninos ainda se mostram um pouco rebeldes mas com potencial para se tornarem elegantes. Está fresco e com um ligeiro licorado que lhe dá sensualidade. Parece que poderá beneficiar de mais algum tempo em garrafa pelo que já que eu me demorei a publicar isto, comprem já, guardem e bebam-no com a vossa cara metade no dia dos namorados do próximo ano.


Desde há uns anos atrás que o Solar dos Lobos tem vindo a alterar os seu rótulos para uma imagem mais jovem, divertida e em alguns dos rótulos com um toque de provocação e sensualidade. Penso que atualmente o único vinho do Solar dos Lobos que ainda não adotou a nova imagem é o Grande Escolha. Eu pessoalmente gosto desta estética mas do ponto de vista de mercado esta estratégia tem algum risco. Se esta estética pode atrair um consumidor jovem e liberal poderá afastar o consumidor mais conservador. O rótulo do Solar dos Lobos Syrah 2011 já encerra algum risco mas o rótulo que consuma esse espírito provocador é o rótulo do Solar dos Lobos Freya 2009. Freya é a deusa do amor, da fertilidade e da beleza na mitologia nórdica e nesse espírito o rótulo mostra duas figuras femininas a beijarem-se. Se eu até aplaudo a provocação e um certo ativismo que o rótulo encerra tenho infelizmente a certeza que muitas pessoas nunca considerarão comprar este vinho devido ao seu rótulo. Se se recusarem a compra-lo nunca poderão apreciar a sua cor granada quase opaca nem os seus aromas florais com um toque de violetas e alguma mineralidade. Não vão conseguir sentir na boca a sua acidez e os seus taninos ligeiros que lhe dão uma textura aveludada na boca nem o seu ligeiro licorado. Espero que esta estratégia de diferenciação em que o Solar dos Lobos está a apostar possa atrair para os seus vinhos mais pessoas dos aquelas que possa afastar.


Durante a refeição ainda houve tempo para provar o, ainda por rotular, Solar dos Lobos Grande Escolha 2011. Este vinho tem sido uma grande referencia da marca sendo uma aposta segura relativamente fácil de encontrar nas grandes superfícies. Anda por aí nas prateleiras o 2009 e ainda à dias abri uma garrafa do 2008 que tinha cá por casa. O 2008 mostra-se atualmente com uma cor jovem granada ainda com laivos violetas mas sentindo-se já a sua evolução no nariz com terra, balsâmico e um pouco de verniz. Muito boa acidez e aveludado mas a deixar revelar uns elegantes taninos finos que secam agradavelmente a boca no seu final. Já este 2011, que deverá sair para o mercado no final do ano, mostra uma cor entre o granada e o violeta translúcido e aroma licorado e floral muito tímido fruto da sua juventude. Na boca mostra uma boa acidez e taninos finos dando um conjunto bem elegante na mesma linha dos seus antecessores. Obviamente beneficiará de mais algum tempo em garrafa.


Enquanto provamos estes vinho o Joe e a Ana iam-nos trazendo um menu feito especialmente para esta apresentação em que o Joe procurou usar tanto quanto possível produtos alentejanos a casar os pratos com as origem dos vinhos. Começamos com um prato de Cação a brincar deliciosamente com a sopa de Cação mas um Cação viajado e que da sua última viagem ao Japão tinha trazido umas raspas de atum fumado seco (Katsuobushi) a adorna-lo.


O aveludado de cogumelos é um prato de assinatura do chef. Desta vez tinha sido feito com umas Silarcas bem bravas com um sabor bastante forte e que deixavam alguma adstringência na boca o que chocava com os taninos do tinto que tínhamos no copo. O prato estava bem conseguido mas assim que meti o copo de vinho à boca deu-se uma valente escaramuça tendo as Silarcas dado uma grande sova no vinho. Depois da refeição o Joe dizia-me que normalmente servia este prato com brancos o que provavelmente será uma melhor harmonização.


Seguiram-se as bochechas de porco em que uma batata era recheada com finas fatias de carne e acompanhadas por uma espécie de migas picantes. Um prato improvável muito bem conseguido. Nós acabados por cometer um erro na harmonização com os vinhos pois nesta altura tínhamos já passado para o Freya e o picante das migas deveria ter resultado melhor com o Syrah pois devido à sua ligeira doçura poderia contrabalançar melhor o picante das migas.


Chegou então o Creme de Choco com Caviar. Uma proposta muito interessante servida num copo de gelo, fresca e agradável com o caviar a dar-lhe textura e um toque de sal. Juntamente com o creme o Joe uma espécie de Solar dos Lobos espumante que consistia no Le Loup Noir Selection Summer Edition com cana de açúcar gaseificado com um carbonatador de bebidas. Em termos enológicos isto não passa de uma brincadeira mas não deixou de ser uma maneira curiosa de servir este vinho com um resultado bem interessante. Um espumante (ou frisante para ser mais rigoroso) instantâneo...


Como prato principal tínhamos a Redondinha. Sendo as carne usadas de origem alentejana e o covil destes lobos junto ao Redondo transformou-se a Francesinha em Redondinha. Estava ao nível do que tinha provado há quase de um ano atrás embora no foto finish a Redondinha tenha ficado tangencialmente atrás devido às carnes usadas terem ficado um pouco mais secas.


Terminamos com a Pera Cozida com nougat de amendoim e gelado de limão e poejo. A pera era uma pera bêbada mas embebedada com vinho branco, o Le Loup Noir Selection Summer Edition, e combinava na perfeição com o gelado de limão e poejo que estava por si só muito bom. O nougat também combinava bem na medida em que acrescentava textura. Tornava era difícil a abordagem ao prato pois ao tentarmos corta-lo corríamos o risco de atingirmos alguém à nossa volta.


Bons vinhos, boa comida, boa conversa... Uma noite bem passada que só teve como aspeto negativo um episódio de suicídio vínico cometido por uma Lolita farta de estar engarrafada. Mas isso são contas de outro rosário.

234 Receitas Para Robôs de Cozinha - www.wook.pt

Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts with Thumbnails Follow my blog with Bloglovin