Herdade das Servas no Chafariz do Vinho

Realizou-se há cerca de um mês a apresentação dos novos vinhos da Herdade das Servas no Chafariz do Vinho. Neste belíssimo espaço fomos recebidos pelos produtores Luís e Carlos Mira, pelo enólogo Tiago Garcia e pelo director comercial Artur Diogo. A família Serrano Mira, proprietária da Herdade das Servas, está ligada ao vinho desde o século XVII e continua nesta geração um legado de séculos de ligação ao vinho. Nesta apresentação foram revelados quatro vinhos, três deles em lançamento e um dado a provar em antevisão não existindo ainda data de lançamento no mercado.

A Enoteca Chafariz do Vinho está instalado no espaço historicamente chamado de Chafariz da Mãe de Água e que era um dos chafarizes de Lisboa integrado no Aqueduto das Águas Livres estando ainda hoje ligado à rede do aqueduto que abastecia toda a cidade de Lisboa. É possível mesmo ir a pé pela galeria desde o reservatório da Patriarcal (Príncipe Real) até ao Chafariz da Mãe de Água (Praça da Alegria). O Museu da Água organiza com a colaboração com o Chafariz do Vinho visitas que incluem este percurso. No Chafariz do Vinho existe um ampla selecção de vinhos nacionais e internacionais dos quais são escolhidos quinzenalmente alguns para serem disponibilizados a copo. Apesar de alguns constrangimentos que o espaço impõe que impedem a existência de uma cozinha com extração de fumos é possível petiscar ou mesmo realizar refeições existindo na carta uma ampla selecção de petiscos para acompanhar o vinhos.

O vinho que estava em antevisão era o Herdade das Serva Colheita Seleccionada Branco 2012 que se revelava como um branco com algum corpo mas ainda um pouco jovem. Parece ter potencial para o que se costuma chamar de branco de Inverno embora ainda pareça necessitar de alguma evolução. Deverá ser esta uma das razões para não o lançar já para o mercado.

Os vinhos tintos lançados na ocasião para o mercado eram o Herdade das Servas Reserva Syrah Touriga Nacional 2009, o Herdade das Servas Reserva Alfrocheiro 2010 e o Herdade das Servas Reserva Petit Verdot 2010. O Syrah e Touriga Nacional em que o perfil de ambas as castas se notava com alguma predominância para os aromas frutados do Syrah mas deixando transparecer também o caráter floral da Touriga Nacional, o Alfrocheiro com um perfil muito alentejano e aveludado e o Petit Verdot um pouco mais mais austero e mineral. Em todos uma grande elegância e um toque balsâmico equilibrado com as caraterísticas de cada uma das castas. Segundo o enólogo Tiago Garcia esta caraterística balsâmica presente nestes vinhos deverá provir das caraterísticas do próprio solo onde as vinhas estão implantadas mais do que das próprias castas. Vinhos interessantes a fugir um pouco aos perfis mais habituais no Alentejo. Há, no entanto, um aspeto em que não fogem ao habitual do Alentejo tendo uma graduação alcoólica de 15%. Isto acaba por não marcar em demasia os vinhos mas não deixa de ser sintomático da realidade Alentejana.

As vinhas de onde provém estes vinhos têm a peculiaridade interessante de serem vinhas com idades entre 20 e 60 que há uns anos foram enxertadas pelo método de borbulha mantendo assim o tronco da videira. Isto permite re-organizar a vinha em talhões por casta como nas vinhas modernas com um período não produtivo reduzido. Além disto os vinhos obtidos destas vinhas mantêm um perfil e volumes de produção típicos de uma vinha velha não tendo estas vinhas os problemas habituais das vinhas velhas como a existência castas misturadas ou castas pouco interessantes do ponto de vista enológico. Não será exactamente a mesma coisa do que vinhas velhas mas deverá ser uma aproximação bastante boa sem muitos dos inconvenientes destas.

A apresentação e prova foi acompanhada por um conjunto de petiscos da carta do Chafariz do Vinho. Antes de sairmos não pude deixar de voltar a visitar a garrafeira do Chafariz do Vinho que se encontra na galeria que sobe em direcção ao Príncipe Real.