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Levado ao Estremus da O'Leucura

Há umas semanas atrás a João Portugal Ramos organizou um jantar no Restaurante Feitoria do Hotel Altis Belém para a apresentação de vários vinhos novos no seu portfólio. Foi uma apresentação especial pois nela foram apresentados quatro vinhos inéditos nas gamas da João Portugal Ramos e da Duorum. Vinhos com uma forte carga emocional pois nasceram de uma procura por parte dos seus enólogos de vinhos únicos e distintos que nem sempre foi sucedida mas que culmina agora nestes vinhos mas que se espera seja também um começo de uma longa vida destas referencias.

Levado ao Estremus da O'Leucura - reservarecomendada.blogspot.pt

A noite iniciou-se em modo ainda volante com um Conde de Vimioso Espumante Extra Bruto 2009. Já tinha provado este espumante em Dezembro e na altura apresentava uma bolha um pouco maior do que gostaria. Estes meses parecem ter-lhe feito bem e a bolha apresentava-se agora mais fina e delicada, mais de acordo com o meu gosto. Gostei mais dele agora. Juntamente ele foi servido um pequeno snack seguido pelo amuse bouche. Confesso que achei um pouco bizarro que o amuse bouche tivesse servido quando ainda estávamos em pé. Tentar segurar o prato, a colher, o copo e para os mais afoitos ainda tentar fotografar o prato era uma tarefa digna de um cefalópode. Com isto tudo varreram-se-me os nomes destes primeiros pratos...



Já sentados, passámos para a primeira novidade o João Portugal Ramos Alvarinho 2012 que apresentava uma cor amarela pálida com um aroma bastante exuberante e tropical. A barrica nova usada não sobressaía demasiado e a acidez estava presente de uma forma contida. Durante a prova ganhou mais alguma acidez e ganhou alguma mineralidade o que me agradou. É um vinho bastante bom e que já irá agradar a muita gente mas pareceu-me que beneficiaria de mais algum tempo em garrafa. Percebo que este vinho teria de ser lançado nesta altura do ano para poder aproveitar o Verão, em que o mercado está mais recetivo aos brancos, e se se esperasse um ano já iria sofrer do preconceito que atinge os brancos com mais de um ano. Eu tenho cá em casa uma destas garrafas e vou tentar resistir pelo menos um ano até a abrir para ver como estará nessa altura.



Este vinho acompanhou o Falso Ravioli de Camarão, Dashi, Coentros, Lótus e Jasmim que terá sido o melhor prato da noite. Pena que a combinação com o vinho fosse pouco feliz. O dashi é um caldo feito habitualmente pela infusão de raspas de atum bonito fumado, seco e fermentado. Este dashi apresentava assim um forte sabor fumado e alguma adstringência que não convivia muito bem com os aromas tropicais do alvarinho.



Seguiu-se mais uma novidade na gama da João Portugal Ramos: o Estremus 2011. E que novidade... O Estremus faz parte de uma procura de vários anos do enólogo João Portugal Ramos por um vinho especial. Proveniente de vinhas sobranceiras ao castelo de Estremoz, plantadas em solos calcários que se não fossem tão perto do castelo seriam certamente uma pedreira de mármore. Duas castas características da região, Trincadeira e Alicante Bouschet, colhidas e vinificadas juntas em lagares de mármore. Este vinho pretende ser uma expressão de terroir e refletir as melhores características da região de Estremoz. Apresenta-se quase opaco com uma cor entre o ruby e o violeta, com aromas fumados e algum couro. Taninos ainda bastante presentes a mostrar a sua juventude, um toque salgado que lhe dá carácter e uma boa acidez que lhe vão garantir uma grande longevidade. Foi considerado por todos já ser um grande vinho mas vai ser giro vê-lo crescer ao longo dos anos pois o potencial de evolução ainda parece enorme. Poderá vir a tornar-se um dos vinhos de referência do Alentejo. O Estremus foi bem acompanhado pelo Magret de Pato Corado, Romana Braseada, Tartelete de Legumes Assados com Mel e Tomilho.



O que não foi muito consensual foi o rótulo que foi considerado não refletir a grandeza deste vinho. Concordo que o rótulo será demasiado discreto para este vinho e que pelo menos a fonte usada para o nome do vinho deveria um pouco maior, mas a questão da visibilidade do rótulo só é mesmo importante para chamar a atenção nas prateleiras das grandes superfícies que não serão o habitat natural deste vinho, pelo que não me parece uma questão muito grave.



Uma das características do Douro é a existência de vinhas a diversas cotas nas encostas do vale do Douro. Nas vinhas de cotas mais baixas a temperatura é normalmente superior dando origem a uma maior e mais rápida maturação das uvas dando origem a vinhos mais concentrados e maduros enquanto nas cotas mais elevadas a maturação é mais lenta dando origem a vinhos com maior acidez e maior frescura. É habitual que as uvas de diversas cotas sejam loteadas nos vinhos de maneira a que o vinho resultante possa exibir o corpo dos vinhos da cotas baixas e a acidez dos vinhos das cotas mais elevadas. O desafio a que José Maria Soares Franco se propôs foi criar dois vinhos irmãos oriundos de duas vinhas a cotas diferentes (200m e 400m) vinificados de igual modo em que se pudesse perceber como a cota da vinha os afeta. E assim surgiram o Duorum O. Leucura Cota 200 Reserva 2008 e o Duorum O. Leucura Cota Cota 400 Reserva 2008. O nome O. Leucura surgiu como uma referencia ao Chasco-Preto (Oenanthe Leucura), pequeno pássaro em risco de extinção, que têm como um dos seus habitats naturais as vinhas plantadas em socalcos e que em tempos era mesmo conhecido como Port-Wine Bird. Um casal foi identificado a nidificar nas vinhas que deram origem a estes vinhos e têm sido objecto de um plano de monitorização e proteção por parte da Duorum.





São dois grandes vinhos com características muito semelhantes mas onde a diferença da cota é notória. Vinhos extremamente concentrados, também entre o ruby e o violeta, um pouco fechados de aromas mas de uma elegância extrema e com os taninos já limados pelo tempo. No final sentia-se um toque de pimenta com o Cota 400 a sobressair pela sua maior frescura e acidez devido à cota mais elevada. Pareceu-me que estes vinhos poderiam ter beneficiado com a decantação e que apesar de terem quase cinco anos parecem estar claramente ainda em trajetória ascendente estando a sua longevidade certamente assegurada. Foi acompanhado pelo Duo de Bochechas de Porco Ibérico com Rosti de Batata e Esparregado de Salsa, em que a carne se desfazia ao toque e o esparregado de salsa harmonizava particularmente bem com os vinhos.



O ano de 2011 foi declarado como vintage clássico pela maioria das casas de Porto e a Duorom apesar de trabalhar fundamentalmente com vinhos não generosos e de ter uma estratégia diferente das casas clássicas do Douro também não ficou à margem disto e lançou um vintage clássico da colheita de 2011. Com a cor Ruby com traços violeta e opaco, está ainda muito jovem e um pouco fechado de aromas embora mostre um bom potencial. Esperemos por ele, que 1 ano e meio é muito pouco para um vintage. Acompanhou a Reinterpretação do "Floresta Negra" que cumpriu a função embora me parecesse que a desconstrução do bolo do mesmo nome tenha sido levada um pouco longe demais ficando os componentes algo desgarrados.





Uma belíssima noite passada em ótima companhia e que ficou marcada pela estreia de grandes vinhos que certamente passarão a ocupar um lugar de grande destaque no portfólio da João Portugal Ramos e da Duorum. Por gula e não por fome a noite acabou com uma bifana na rulote Garota de Ipanema em Sete Rios. Aí foram cometidos graves crimes eno-terroristas que ficarão por revelar juntamente com os seus autores, não vá andar por aí algum eno-taliban mais fundamentalista...



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